terça-feira, 23 de junho de 2009

Chapter VII - O Outro Lado

Estava frio e gelado, o silêncio era iminente, só o que se ouvia era a ventania, o castelo era escuro, não parecia ter luz lá dentro, também não havia sinal de vida....Era um lugar um pouco assustador. Ao nosso redor não havia nada, Thomas, Luchi e Gabi se levantaram antes de mim e estavam rodeando o local, só o que vejo são florestas e o castelo....Mas creio que não são as florestas que devemos ir.

- Onde estamos ?. - Kurenai, que se levantou do meu lado, perguntou.

- Não faço a minima ideia. - Respondi, olhando para as janelas do castelo, estavam todas fechadas. Thomas, Gabi e Luchi estavam já mais á frente, olhando para o portão do castelo. Eu e Kurenai fomos até eles.

- Vejamos....do Rio de Janeiro até um castelo que fica sei lá onde....É, isso sim é uma viagem de ferias. - Luchi disse sarcásticamente.

- Os magos....Disseram que deveriamos encontrar á nós mesmos....O que isso significaria ? E como eles nos levaram até aqui ?. - Thomas se perguntou.

Pedro deu um passo á frente e os portões do castelo se abriram. Logo ele olhou para trás e disse:

- Creio que... Devemos entrar.

Caminhamos até dentro do castelo. A primeira coisa que vimos era um salão enorme, iluminado por velas, o tapete do qual pisavamos era vermelho, não continha nenhum simbolo. Continha comodos, grandes poltronas, armários....Como um tipico castelo....Porém só havia uma entrada para os outros corredores, localizada no canto esquerdo. Caminhamos até lá e abrimos a porta, vimos um vasto corredor e fomos caminhando por ele. Não havia janelas nem iluminação pelos corredores...Era pura escuridão, Logo vimos uma luz, era outra porta. Ao abrirmos.....era o mesmo grande salão do qual estavamos antes de entrar nesse corredor. Todos olharam confusos uns pros outros.

- Será que por causa da escuridão demos meia-volta ?. - Gabi perguntou.

Pedro se virou para a porta da qual tinhamos acabado de sair e, ao abri-la, disse:

- Só há uma forma de saber...

Voltamos ao corredor e caminhamos até o fim dele novamente, prestando atenção para não mudarmos de rumo novamente....Apesar de que isso parecia improvavel. Ao abrirmos a porta...O mesmo salão. Fomos novamente pelo corredor e nos deparamos novamente com o salão. Luchi, já irritado, abriu o portão do qual era a que entramos no castelo e era exatamente a entrada....

- Não é possivel que estejamos nos perdendo tantas vezes!. - Luchi resmungou.

Eu estava em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo....Não sentia aura alguma no local, então não poderia ser algum efeito arcano....Seria possivel que o castelo ineiro se movesse enquanto estamos no corredor ?...Não, eu observei a estrutura dele, não seria possivel...Mas...

- Alguem aqui acha que é possivel o castelo se mover enquanto estamos no corredor...?. - Perguntei.

- Claro que não, as velas se apagariam ou cairiam no chão com o movimento. - Thomas respondeu.

Pedro passou á observar cada detalhe da sala, parecia procurar alguma coisa. Thomas se sentou em uma das poltronas, para descansar, havia levado uma surra do seu reflexo. Gabi e Luchi estavam conversando no canto da sala, e eu parado, observando todos, pensando no nada. Logo fui até Pedro e perguntei:

- O que está procurando ?.

- Nada, estou procurando apenas alguma coisa que não tenhamos percebido antes. - Ele respondeu.

Encostei na parede e observei o local, não parecia ter nada que um salão de um castelo não tivesse. Pedro começou á olhar a parede central da sala de perto, parecia tentar decifrar alguma coisa.

- Venham cá. - Ele disse para todos. Logo nós todos estavamos olhando para a parede, Pedro apontava para um quadro, da mesma cor da parede, Era uma pintura muito conhecida na Bíblia: a figura de deus, sentado em uma nuvem, com o braço estendido em direção á um homem nu, que também estava com o braço estendido em direção á Deus.

- Uma versão incolor de um quadro famoso da Bíblia...Acho que estamos em algum território divino talvez. - Gabi perguntou.

Pedro, que estava analisando cada detalhe do quadro, respondeu:

- Esse quadro parece fazer parte da parede...

Logo Luchi se aproximou do quadro e colocou suas mãos sobre ele, começou á puxa-lo com força, mas o quadro não se mexia.



- Pare de idiotice. - Thomas disse, puxando Luchi para longe do quadro.

Olhei para o quadro, mas não percebi nada...Só parecia um quadro idiota feito na parede. Abaixei a cabeça e tentei descansar um pouco, Thomas continuava á olhar para o quadro impaciente e inquieto, logo levantou sua montante e começou á balança-la, parecendo estar tentando se destrair.

- Cuidado pra não acertar nada. - Pedro alertou.

Mas foi só Pedro ter alertado, para que Thomas se distraisse e batesse fortemente no quadro da parede, despedaçando-o.

- Santo.... - Luchi disse com um tom de vóz cabisbaixo.

Gabi logo começará a rir, mas antes que pudesse soltar a vóz, começamos á ouvir sussurros pela sala. Elas diziam algo em uma linguagem da qual não conheciamos, parecia latim misturado com japonês....

- O que é isso ?. - Perguntei, empunhando meu cajado.

Pedro, com a mão na bainha de sua katana, respondeu:

- Eu não sei, mas reunam....

E antes que pudesse completar a frase, rostos apareceram nas paredes, o local todo estava começando á tremer e o chão estava se rompendo. Todos os rostos nas paredes eram familiares para pelo menos um de nós...Eu enxergava os rostos de pessoas que conheci desde antes da guerra, até a minha infância. O solo logo começava á se separar e, estranhamente, eu não ouvia mais nada, conseguia enxergar Luchi gritando o nome de Gabi enquanto eram afastados, mas não conseguia ouvi-los. Ao olhar para baixo, Eu vi um enorme olho vermelho, que se abria enquanto os pedaços solo se separavam cada vez mais e....


Escuridão......


Quando abri meus olhos, eu estava de pé na mesma sala da qual eu estava antes de tudo aquilo ter acontecido, com o cajado na mão esquerda...Mas não havia ninguem comigo...Onde todos foram ?. Olhei ao meu redor e nada....Nenhum sinal de vida além de mim. Caminhei até o portão no canto esquerdo e o abri, para minha surpresa, o local estava iluminado por tochas....Não lembro de haver tochas nesse corredor em todas as vezes que passamos por ele....Bem, acho que a unica opção que tenho é seguir por esse corredor...

O corredor era longo, suas paredes eram feitas de grânito, assim como sua superfície. Continuei caminhando até que finalmente avistei uma porta, cujo era feita de madeira. A abri e me deparei com um lugar escuro....Quando dei o primeiro passo para dentro, todas as tochas do local se acenderam simultâneamente, e quando entrei no local, a porta se fechou sozinha e desapareceu. Na minha frente, eu enxergava um homem de capuz, com uma foice preta na mão com uma lâmina espelhada. Quando esse homem virou o rosto para mim, percebi que era branco e que seus olhos estavam cobertos por uma faixa preta. Aparentava ter minha idade, tinha a mesma altura que eu....

- Presumo que você seja meu outro lado... - Eu disse, com um tom de vóz confiante.

O homem simplesmente empunhou sua foice, parecia estar pronto para uma batalha. Logo transformei meu cajado em uma foice e a empunhei, dizendo:

- Tudo bem....vamos fazer disso uma luta justa.

O homem continuou intacto, e apesar da faixa nos olhos, sua expressão parecia me encarar...Eu permaneci parado, esperando que ele desse o primeiro ataque. O silêncio permanecia no que na verdade era um grande salão vazio, eu conseguia ouvir minha própria respiração. O tempo passava, e nós permaneciamos lá, parados.... Resolvi me manter na minha posição, não poderemos ficar nisso para sempre.

Passaram-se cerca de mais cinco minutos, e continuavamos parados no mesmo lugar, ninguem dava o primeiro golpe....Acho que ele não agirá se eu não agir primeiro...Acho que seria melhor dar um blefe. Fechei os olhos, respirei fundo e, ao abri-los, dei um passo para frente. Mas ao eu dar o passo, o homem desapareceu da minha frente. Meus olhos se arregalaram e, rapidamente, o homem havia aparecido atrás de mim e tentará me atacar com a foice. Consegui me defender com o cabo da minha foice, mas logo recebi um chute forte no estômago, cujo impulso me fez voar para longe.

Me levantei e olhei friamente para o homem enquanto estava me recompondo, mas logo o homem desapareceu de novo e logo apareceu acima de mim, preparando para descer com a foice vindo em direção á minha cabeça. Dei um salto para trás e logo revidei o golpe com um katar no rosto do homem com uma força que teria quebrado seu nariz, mas ele permaneceu intácto e logo me deu outro chute no tórax e tentou me atacar com a foice, consegui me recompor do cute á tempo de me defender do golpe da foice, mas o homem desapareceu assim que me defendi e reapareceu ao meu lado, socando meu rosto. Revidei o golpe com um chute diagonal, que o fez perder o equilibrio á tempo suficiente para eu lhe desferir um pontapé no peito, fazendo-o cair no chão, logo tentei ataca-lo com a foice, mas ele desapareceu novamente e re-apareceu me dando uma voadora nas costas.

- Você sabe como lutar....E, pra uma copia de mim, você sabe usar tecnicas bem diferentes. - Comentei sarcásticamente enquanto me levantava. Mas o homem havia desaparecido de novo....

Ele reapareceu em minha frente e tentou me lançar um katar, do qual consegui segurar com minha mão e lhe desferir uma rasteira, logo usei o cabo da foice para atingir sua cabeça, e ao tentar ataca-lo com a lâmina, ele desapareceu novamente....

- Isso já cansou... - Eu disse, já ficando frustrado com a tecnica dele.

Logo haviam sombras negras pelo corredor, e ele apareceu longe de mim, com sua foice apoiada no chão em sua frente, as sombras o cercavam e se multiplicavam rapidamente.

- Espiritos....Que interessante... - Eu comentei, surpreso com a habilidade que ele acaba de usar.

Logo empunhei minha foice contra o chão. O homem havia desaparecido de novo e os espiritos estavam ao meu redor, prontos para me atacar....Porém, começei á criar uma grande esfera de gravidade na minha frente, cujo absorvia os espiritos. Logo entrei na esfera, criando em minha volta uma barreira de espiritos.

- Vamos...Use sua habilidade de teletransporte... - Eu disse para provoca-lo.

O homem reapareceu exatamente onde já estava quando criou os espiritos e estendeu sua mão esquerda, ao estende-la, uma grande aura de luz se formou ao meu redor, uma aura tão pura que enfraquecia qualquer ser, e eu só não estava sendo enfraquecido por causa da barreira que estava me protegendo da aura, apesar de que a própria barreira estava enfraquecida por essa energia. E logo depois, o homem estalou os dedos da mesma mão, e, ao estala-las, tudo ao meu redor virou, por um segundo, escuridão, nesse segundo, eu ouvi os gritos mais aterrorizantes e mortais que já havia ouvido em toda a minha vida...Quando tudo voltou ao normal, eu não estava mais protegido...Todos os espiritos haviam sido dissipados, suas almas deixaram de existir.... Olhei surpreso para o homem e disse:

- Uma habilidade suprema de necromância...Afinal, o que você realmente é ?.

O homem permaneceu parado novamente, sem ação alguma....Se eu reagir, ele irá se teletransportar e me atacar, provavelmente pelas costas, se eu me defender do ataque da foice, ele me atacará com o corpo...E se ele me atacar com o corpo primeiro e eu me defender, ele atacará com outra parte do corpo....Bem....Acho que já sei o que fazer, melhor arriscar do que ficar parado aqui para sempre.

Logo dei um passo para frente, me preparando para saltar quando ele se teletransportasse mas....Ele continuou intacto...Dei outro passo e nada, ele continuava parado.

- Acabou a pilha ?. - Perguntei sarcásticamente.

Dei outro passo e nada....Será que ele está blefando ?. Quarto passo e nada, o que está acontecendo com ele ?, se cansou...?...Bem...Vamos ver...

Corri em direção ao homem, que continuava parado e, ao tentar ataca-lo com a foice em direção ao peito, ele se defendeu e logo me desferiu um contra-ataque com a foice em direção ao meu peito, consegui me defender facilmente do ataque...Tentei ataca-lo na perna, ele se defendeu e tentou me atacar na perna, mas consegui me defender facilmente de novo. Começei á desferir uma serie de golpes e, todas as vezes, ele se defendia e contra-atacava com o mesmo golpe....E o ciclo continuava á cada golpe.....Acho que...Entendi o porque.... Logo recuei para trás e ele também recuou....

Ele é uma parte de mim....Queira eu ou não....e....Acho que o intuito mais correto não é derrota-lo....mata-lo...Afinal jamais conseguiria matar alguem que conhece cada passo meu....Creio que eu deva me unificar á ele....Me tornar um com ele e controla-lo...

Dei alguns passos para frente, e ele também deu...Até que ficamos frente a frente um com o outro...Estendi minha mão e ele o mesmo e, ao toca-lo, ele simplesmente caminhou em minha direção, como uma sombra e entrou dentro de mim, sua foice se tornou minha foice...E eu sentia uma nova energia fluir dentro de mim....Enquanto isso, eu recapitulava, na minha mente, varias cenas dolorosas da minha vida...Varias coisas que resultaram na criação do meu lado negro...

- Agora vejo que você entende....O poder que há em perdoar á si mesmo....Entende que nada que aconteceu na sua vida é sua culpa integral.... - Uma vóz que parecia ser a minha me dizia enquanto as cenas passavam pela minha cabeça.

Logo voltei á realidade e o cajado agora continha um tipo de espelho que não mostrava reflexos...O portão de madeira estava de volta. Após retomar á consciência e a tontura passar, caminhei até o portão e pelo corredor, que estava novamente escuro...Quando sai pelo portão do outro lado do corredor, eu estava de volta á sala e todos estavam lá.

- Quem tava faltando chegou. - Thomas disse, parecendo estar cansado.

Olhei para todos, estavam todos bem...Pedro, sentado em uma das cadeiras, relaxava os pés...Gabi e Luchi conversavam no sofá e Thomas estava sentado no chão.

- Acho que fizemos o que eles disseram para fazer...E agora ?. - Pedro comentou.

Me sentei no chão, apoiado na parede, respirei fundo e respondi:

- E agora...Precisamos sair daqui.

Luchi se levantou e, enquanto caminhava, disse:

- E a melhor forma de fazer isso....

E, ao colocar suas mãos no portão de entrada, completou a frase:

- É pelo portão principal.

Luchi logo abriu o portão...

- Mas hein!? - Ele disse com um tom de vóz surpreso.

Todos estavam olhando para o portão e, quando me virei para olhar, havia um enorme corredor de pedra no lugar de florestas. Pedro se levantou, caminhou até o lado de Luchi e disse:

- Acho que essa pode ser nossa saida....Vamos.

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