quinta-feira, 21 de maio de 2009

Chapter II

- Ht, ainda falta muito para chegármos lá ?. - Luchi me perguntou.


- Creio que mais uma hora caminhando e estáremos na antiga entrada do Redentor...Ai é só a gente subir toda aquela escadária e estarémos lá. - Respondi com um tóm de humor sarcástico em relação ás escadárias.


Olhei para o céu, estava profundamente nublado. Em breve irá chover mais. Me lembro do pavor que eu tinha quando chovia, devia ter uns 13, 14 anos na época...Sempre tinha o pressentimento que algo iria acontecer em dias que choviam muito, acho que era trauma de infância talvez. Luchi estava calado enquanto caminhava, seus olhos demonstravam a seriedade e a preocupação que passava dentro de si.


- Ei, vocês!. - Alguem atrás de nós gritou.


Paramos, olhamos um para o outro, Luchi colocou a mão na glaive, eu coloquei a mão no cajado e olhamos para trás. Era um homem, idade aparente de 30 á 35 anos, cabelos castanhos bem curtos, usando uma farda do exército e portando uma AK-47 nos braços, apontada para nós.


- Identifiquem-se!. - Ele disse em vóz alta.


- Um sobrevivente ?. - Comentei com Luchi.


- Acho que estamos no território de um dos esconderijos de sobreviventes. - Luchi disse.


- Identifiquem-se imediatamente!. - O homem disse novamente com um tom de vóz mais alto e grave.


Como sistema de identificação, os humanos sobreviventes tem IDs, são como acessórios, geralmente cordões ou anéis, com um simbolo e numero de identificação. Nós não usamos IDs, preferimos viver como forasteiros, trará menos problemas para aqueles que não estão envolvidos e nem tem motivos para estarem. Essa é uma guerra de todos, porém não é por isso que todos devem lutar nela.


- Vou desarma-lo....Ai nós conversamos com ele. - Luchi sussurrou para mim.


Luchi correu rápidamente em direção ao soldado, que tentou apertar o gatilho mas era tarde demais, a glaive de Luchi ja havia batido fortemente na metralhadora do homem, fazendo-a cair no chão. Logo Luchi apontou a gláive para o pescoço do homem.


- Agora sim, podemos conversar. - Luchi disse para o homem, com uma vóz perceptivelmente sarcástica com um sorriso maldoso no rosto.





Chutei a metralhadora do homem para longe.


- Somos forasteiros, não usamos identificação por motivos pessoais. - Eu disse para o homem.


- Quais são os motivos ?. - O homem perguntou.


- Você não acha que está em desvantagens demais para continuar a fazer perguntas. - Luchi resmungou.


Porém, dois portões se abriram e duas tropas com cerca de 15 soldados cada sairam delas apontando suas metralhadoras para nós....


Eu e Luchi olhamos um para o outro e guardamos nossas armas, colocamos as mãos atrás da cabeça. Os soldados correram em nossa direção e nos colocaram algemas.


- Movam-se adiante!. - Um dos soldados disse para nós.


Fomos até um tipo de elevador que nos levou até o subsolo...Lá se escondia um dos esconderijos dos sobreviventes...é incrivel como eles transformaram uma garagem subterrânea em um verdadeiro abrigo, um lar.





Fomos levados até o ''lider'' deste abrigo, um homem de aparentemente 40 anos, cabelos longos loiros, olhos castanhos, trajando um terno cinza e uma camisa social branca.



- Quem são vocês ?. - Ele perguntou.



- ....Somos forasteiros. - Luchi respondeu.



O homem se virou para Luchi e perguntou:



- Forasteiros, de onde vocês vieram ?.



- O da esquerda tem um sotáque paulista, já o outro parece ser daqui do Rio mesmo. - Um dos soldados comentou.



- Isso mesmo. - Eu disse, olhando para o lider do abrigo.



- E o que vocês fazem fora de um abrigo ?. - O soldado perguntou para mim. Virei meu rosto para ele lentamente.



- Creio que você não tenha o direito de nos perguntar isso. - Disse para ele com um sorriso sarcástico no rosto. O soldado logo levantou a vóz e disse:



- Como é que é ?, Você está me desafiando moleque ?.



- André, acalme-se. - O lider do abrigo disse em tom de vóz alto, olhando para o soldado, que agora descobri se chamar André.



- Senhor, se for possivel, poderiams conversar a sós na sua sala, só eu, você e meu amigo Luchi ?. - Perguntei para o homem de terno.



O homem me olhou de forma desconfiada, relutou um pouco á dizer qualquer coisa.



- Nós deixaremos nossas armas sob sua custódia, prometemos não leva-las na nossa conversa. - Luchi disse, olhando fixamente nos olhos do homem.



O homem continuou em silêncio....Olhou para nós dois. O silêncio tomou conta do local, estávamos em uma sala grande, haviam soldados por todos os cantos, provavelmente era um tipo de QG dos soldados.



- Certo.... Larguem suas armas no chão e venham comigo. - O homem disse, virando as costas e caminhando para uma porta mais á frente. Eu e Luchi largamos a gláive e o cajado no chão, elas foram rápidamente recolhidas pelos soldados. Nos levantamos e seguimos o homem até a sala de reuniões dele. Entrando na sala, o homem tirou o terno, se sentou em uma cadeira e disse:



- Sentem-se. - Eu e Luchi nos sentamos em frente á ele.



- Como se chamam ?. - Ele perguntou.



- ....Eu sou Luchi, e ele se chama HT. - Luchi respondeu, olhando para o homem.



- Prazer senhores, eu me chamo Marcos. Agora, vocês me digam o que fazem por essas redondezas e de onde vieram. - O homem nos disse.



Me pergunto se realmente devo dizer á ele toda a verdade, o nosso objetivo, o que procuramos e o que irémos fazer. Luchi olhou para mim e eu olhei para ele, ele balançou a cabeça, sinalizando um sim. Me virei para Marcos e disse:



- Estamos procurando quatro amigos, acabamos nos separando deles quando um tornado nos arrastou para o que era a Praia de Botafogo. Estávamos seguindo para o Redentor, nós e nossos amigos nos encontrariamos lá.



Marcos olhou para mim com um olhar sério, colocou uma mão sobre a mesa e perguntou:



- O que vocês procuram no Redentor ?. Lá está cheio de Seráfims, por acaso procuram morrer ou algo assim ?.



- Nós irémos fazer aquilo que todos os humanos estão com tanto medo de fazer: Nos opor ao criador e ao nosso futuro destruidor. - Luchi o respondeu, com um tóm de vóz sério.

- Como ?, Deus foi nosso criador!. Nós não temos como destruir aquilo que nos criou. - Indagou Marcos.

- Deus demorou cinco dias para criar o mundo, a terra, os mares, os seres vivos, os humanos. ou seja, tudo que existe nesse planeta. No quinto dia Deus dormiu...No sexto dia ele acorda e começa o Julgamento Final...No sétimo dia, não existe mais nada... - Luchi retrucou.

Olhei para Luchi e completei a explicação:

- No caso, um ano para Deus é igual á milênios para nós, humanos. Estamos no começo do sexto dia Marcos...E não demorará muito para que o sétimo dia começe.

Marcos se calou, passou á olhar para a janela, observando as pessoas que pareciam morar tranquilamente no ''esconderijo''.

- Quando essas bases subterrâneas foram criadas, nosso intúito era proteger a civilização...Provavelmente adquirimos uma divida externa muito grande com essa construção, mas essa é a ultima coisa da qual nos preocuparmos. Estamos seguros aqui, isso é o que importa, mas será que as pessoas estão contentes vivendo aqui ?. Até onde essa segurança irá durar ?, será que seremos capazes de viver aqui para sempre ?, Será que um dia os seráfims nos encontrarão ?. Tudo isso é muito incerto, de fato, estamos sendo expulsos da superficie pelos anjos e seráfims.... será que há algum propósito divino para isso ?. - Marcos comentou.

- Deus ficou furioso com a forma que tratamos tudo que ele criou, tudo que ele deixou para nós foi usado de forma que corrompemos a natureza, começamos á mata-la aos poucos. Isso fez com que Deus acordasse no quinto dia, e ao ver os resultados do que aconteceu, resolveu eliminar todos nós, fazer-nos sentir sua cólera, a cólera de Deus. - Eu disse para Marcos.

Marcos se calou, olhando para a janela, disse:

- Vocês estárão liberados para partirem amanhã, está tarde, não podemos liberá-los assim tão tarde. Há um quarto para vocês no quartel com uma beliche, tenham uma boa noite.

Então teriámo que passar a noite aqui, não sei se seria uma boa idéia, mas não temos escolha. Luchi se levantou primeiro e seguiu até a porta.

- Vamos HT. - Ele disse, com um sorriso no rosto e um olhar confiante. Me levantei da cadeira e segui Luchi até o dormitório. No caminho, percebi que não hávia ninguem nos corredores, acho que todos já estão dormindo, que horas será que são ?. Chegamos no dormitório, abrimos a porta e encontramos um quarto branco com banheiro, tres cadeiras e uma beliche... Eu coloquei meu casaco na cadeira, tirei minhas botas e cai na cama, simultaneamente caindo no sono.

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