sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Chapter IX - Conflito

O vento vindo do outro corredor soprava pela sala...O cheiro de sangue ainda era intenso, estavamos todos em silêncio. Tudo que eu ouvia além do vento era a respiração da Gabi....

- Gabi...?. - Luchi, um pouco surpreso com a cena, disse.

Eu não precisava olhar pra trás para saber que os olhos dela estavam direcionados para mim e, principalmente, o que isso significava...Sua respiração estava elevada, logo podia deduzir que seu coração estava batendo forte, o que não é muito normal...afinal...Ela só me jogou uma unica flecha.

- Não aguento mais esse tipo de atitude !. - Ela disse, ainda com a voz elevada.

Virei minha cabeça levemente pra esquerda e respondi:

- Isso não é motivo para você me jogar uma flecha....

- Você continua á agir com indiferença á isso tudo !.Todas essas pessoas morrendo, familias sendo destroçadas, a humanidade sendo dizimada e você continua agindo como se nada estivesse acontecendo !. - Ela retrucou.

Fiquei em silêncio por alguns segundos. Logo me virei e olhei fixamente em seus olhos. Não era o mesmo olhar que eu conheço da Gabi...Há raiva nele....

- Continua não sendo motivo para você me atirar uma flecha... - Respondi.

- Ei, acalmem-se, os dois!. - Pedro, também surpreso com a cena, pediu.

- Kurenai...Não adianta, ela não vai se acalmar... - Respondi.

- Cale a boca!. - Gabi retrucou em vóz alta, atirando outra flecha.

Transformei meu cajado numa espada e rebati a flecha contra a parede. Ainda olhando fixamente para os olhos dela, dei um leve sorriso e abaixei minha cabeça.

- .....Entendi..... - Disse, empunhando minha espada e a apontando em direção á Gabi enquanto ela logo revelou um arco feito de sua própria aura e o apontou para mim.

- Thomas, agora!. - Luchi gritou.

Luchi e Thomas empunharam suas armas. Luchi saltou até a frente de Gabi enquanto Thomas saltou e correu em minha direção, parando na minha frente com sua montante empunhada na minha frente.

- Não vamos deixar que vocês continuem!. - Luchi gritou com uma vóz firme. Eu já imaginava que ele faria algo desse tipo... Ao mesmo tempo, estou começando á compreender o motivo dos reis magos terem nos levado até esse lugar. Abaixei a espada e disse:

- Como quiser...

Gabi abaixou seu arco e se sentou no chão. Luchi se aproximou dela e começou á consola-la. Thomas guardou sua montante e seguiu Pedro até o portão.

- Vamos. - Pedro disse em vóz alta, olhando para todos nós. Me levantei e caminhei até o portão ao lado de Luchi e Gabi, que estavam em silêncio. Pedro abriu o portão e entramos por ele. Logo estava tudo em branco e repentinamente todos desapareceram...Eu tinha a sensação de que estava caindo mas olhei para baixo e não estava.

Ao olhar novamente, estava no solo, um piso familiar. Quando olhei para frente, percebi que estava numa sala de aula vazia...Uma sala de aula da minha antiga escola. Creio que seja apenas mais um dos 'labirintos' desse lugar. Caminhei até fora da sala, o corredor estava vazio e todas as outras portas trancadas. Procurei se havia alguem nas outras salas e não, estava tudo completamente vazio. Desci as escadas e vi que o portão para a parte externa do pátio e o portão para o outro corredor estavam trancados...Acho que realmente é pra cima que eles querem que eu vá. Subi as escadas até o quarto andar, antes verificando em cada andar se havia alguem nas salas. Chegando no quarto andar, também estava tudo trancado e o local estava deserto....

Mas logo começei á ouvir uma melodia de piano vindo do auditorio. Segui até o portão do auditorio e percebi que ele não estava trancada. Abri o portão, o som do piano ficava mais alto e logo vi Gaspar tocando o piano no palco do auditorio até perceber minha presença.

- Então você chegou... - Ele disse dois segundos após parar de tocar, se levantando da cadeira e se virando em minha direção enquanto eu empunhava meu cajado e o transformava em um sabre, apontando-o para ele. Gaspar sorriu e disse.

- Cuidado com o que você fará com esse sabre... Pode acabar machucando seus amigos.

Gaspar estalou seus dedos e todo o auditório começou á desmoronar, dando lugar á uma câmara com lava correndo debaixo de nós. Logo ouvi gritos de sofrimento e ao olhar pros lados, haviam cruzes com espinhos e neles, todas as pessoas que realmente tinham alguma importância para mim...Todos gritando com lava correndo lentamente pelos seus corpos enquanto os espinhos das cruzes perfuravam lentamente seus corpos...Olhei para aquilo com uma certa surpresa...Apesar de já imaginar que esse tipo de coisa aconteceria nesse lugar...

- ....Gaspar.... - Eu disse com a vóz extremamente calma e fria, transformando o sabre em foice e o apoiando no chão bem na minha frente, colocando minha mão levemente sobre sua lâmina de forma que ela não me cortasse.

-...Tem uma coisa curiosa no sofrimento deles... - Continuei á falar enquanto passava minha mão pela lâmina chegando até o cabo.

- É que....Nessa situação, meus amigos já estariam mortos... - Continuei á falar. Gaspar arregalou seus olhos enquanto eu levantava minha mão aberta pra cima.

- E, sinceramente...Se vocês estão se dando á todo o trabalho de fazerem essas coisas....É porque definitivamente nós somos um risco e tanto para Deus, não é ?....Por fim, não creio que você queira prolongar o sofrimento dessas pobres almas... - Terminei de falar, logo estalando os dedos. Nisso, as almas dos corpos crucificados foram extirpadas, mostrando que, na verdade, eram apenas esqueletos com almas implantadas. Levantei a cabeça e olhei fixamente nos olhos de Gaspar.

- O propósito de todo esse lugar é meramente tentar nos destruir por dentro fazendo conflitos fisicos e psicológicos...Nisso, vocês estão usando nossas memórias e nossas fraquezas para nos perdermos dentro de nós mesmos com uma serie de choques...A unica coisa que vocês esqueceram, principalmente da minha parte, é que minhas fraquezas nessas horas é inexistente e que eu tive de abandonar quase todos que me importavam para chegar até aqui... Então, ilusões nao me afetam. - Disse, transformando meu foice num sabre novamente e a apontando para ele.

Gaspar deu um leve sorriso e respondeu:

- Muito bem...Então vamos fazer isso da forma mais pratica.

Logo Gaspar desapareceu e em seu lugar apareceu um anjo com quatro asas, portando uma armadura pesada e duas espadas. Empunhei meu sabre e desapareci, reaparecendo atrás dele e tentando desferir um golpe que foi bloqueado por uma das espadas. Desapareci novamente antes que ele me acertasse com a outra espada. Reapareci á três metros de distância dele. Ele avançou até minha direção, me defendi do primeiro golpe e desapareci novamente. Se eu ficar muito tempo próximo dele, ele me atingirá, mas se eu ficar desviando sempre, não terei como elimina-lo...Reapareci á 5 metros do anjo e empunhei o sabre pra trás. O anjo veio em minha direção, ao ele chegar á um metro e meio de distância, transformei meu sabre em uma montante enquanto a direcionava em diagonal até o anjo, repentinamente, a lâmina atravessou a armadura e o anjo, ficando negra. O anjo caiu e desapareceu...Sua alma estava na lâmina da minha monante e logo foi absorvida.

Um portão se abriu atrás de mim. Entrei nele e fui caminhando pelos corredores. Nesse tempo, pensei sobre como estão todos os meus amigos...Se estão vivos ou mortos, se estão bem. Logo parei de caminhar...Não é hora de pensar nisso. Voltei á caminhar até um no fim do corredor. Ao abri-lo, havia uma sala oval iluminada. Quando fechei a porta, ela simplesmente desapareceu. Parecia estar trancado nessa sala e começei á observar o local que realmente parecia apenas uma sala normal. Dez minutos depois, Pedro entrou por uma porta que apareceu repentinamente e desapareceu ao ele fecha-la.

- Onde estamos ?. - Ele perguntou.

- Não faço a minima ideia....Seja como for, parece que estamos presos aqui. - Respondi.

Pedro se sentou no chão para descansar enquanto eu observava o local ainda.

- O que aconteceu com você antes daqui ?. - Perguntei.

- Eu estava com o Thomas em um lugar que conhecemos muito bem...De repente apareceu o Balthasar e então tudo desapareceu e quando percebi estava sozinho no corredor. - Ele respondeu.

Fiquei em silêncio e começei á pensar no nada, esperando que alguma coisa aconteça...Creio que teremos de esperar até todos chegarem. Passaram-se cerca de vinte minutos e Thomas entrou por outra porta.

- Cadê o resto ?. - Ele perguntou ao nos ver.

- Sei lá. - Pedro respondeu.

Thomas se sentou no centro da sala, olhou para mim e para Kurenai e disse:

- Vocês dois estão com uma linda cara de cu.

Começamos á rir até que outro portão se abriu e dele saiu Luchi, em silêncio com a cabeça baixa e Gabi em seu colo. Ele caminhou um pouco e depois parou ainda de cabeça baixa. Ficamos todos em silêncio, Luchi se aproximou um pouco mais e parou novamente....Olhei para Gabi percebi que seu abdomen estava sangrando, seu corpo estava mole. Luchi colocou Gabi levemente no chão, olhei mais de perto e percebi que....Gabi estava morta.

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